

Inspiração
A vida atípica, com seus desafios e particularidades, é uma jornada que exige força e um olhar renovado. Para mim, Raquel, mãe da Cecília, o autismo é uma "dificuldade invisível". É um "outro membro da família", um ser silencioso que, mesmo sem se manifestar a todo momento, está sempre presente. Ele pode distorcer a visão de mundo e a interpretação das interações sociais, e até mesmo se comportar como um "ladrão de sorrisos" e um "impositor de suas condições".
Mas essa mesma rigidez, que tantas vezes é vista como um obstáculo, é a fonte de qualidades admiráveis. A fidelidade, a sinceridade extrema e a capacidade de resiliência são a face positiva da rigidez cognitiva. O autismo, na minha visão, é a "expressão máxima da falta de expressão facial", o que pode dificultar a interação emocional, mas também revela a alegria de saber que a opinião de uma pessoa autista é sempre genuína, sem meias palavras.
No entanto, a jornada é complexa e cheia de obstáculos. O masking e o camaleonismo são estratégias de enfrentamento que demandam um gasto excessivo de energia. O autista, especialmente as meninas, busca se adaptar ao ambiente e imitar os outros para não "destoar", o que pode levar a um esgotamento mental e emocional. Outro grande desafio é a rigidez cognitiva, que se manifesta como uma dificuldade de se adaptar a mudanças, mas que, paradoxalmente, é uma forma de buscar controle em um mundo que parece caótico. É vital reconhecer que as crises, sejam elas do tipo meltdown (uma explosão emocional com perda de controle) ou shutdown (um isolamento silencioso), não são "birras", mas um mecanismo de sobrecarga sensorial e emocional. Entender esses colapsos é crucial para acolher e dar segurança, mas é também, motivo de grande stress e cansaço para mãe atípica que precisa, além de compreender os desafios, ensinar ao próprio filho a enfrentar um mundo que foi construindo através de outra lente.
Apesar de todas as dificuldades, o caminho para a plenitude é possível, pois, o autismo não é uma sentença, mas um modo de ver e vivenciar o mundo circunstante. A verdadeira vitória está em aceitar e se fortalecer. As mães, em especial, precisam se levantar com força e se permitirem viver seus próprios sonhos, pois o autocuidado e a realização pessoal são tão importantes quanto o cuidado com o filho. Afinal, a vida atípica, com seus desafios, pode ser o cenário para uma vida plena e com propósito.





